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Month: January 2020

Mobile Suit Gundam Gashapon Warrior Forte 2.5 F054

Esse é o Mobile Suit Gundam Gashapon Warrior Forte 2.5 F054 GNT-0000. Eu comprei esse em Tóquio por ¥300 em uma Gashpon. Gashpon é uma máquina de vendas automática onde você coloca umas moedas e ela te dá uma bolinha de plástico. Dentro dessa bolinha tem um brinde do tema daquela máquina. Geralmente a máquina vai ter uns 5 modelos diferentes daquela coleção e você não tem como escolher qual vai vir. Uma bolinha vai comumente custar entre ¥100 e ¥500.

Exemplo de Gashpon. Uma máquina de gorros para gatos.

Esse é um Gundam SD. O estilo SD se refere a “super deformed” (super deformado). São formas baixinhas, entroncadas com proporções de 2 a 3 cabeças de altura em contraste com as tradicionais 6 a 8 cabeças de altura.

Essa modelo apesar de ter poucas peças comparados com um gunpla completo foi bem difícil de montar. O kit veio praticamente sem instruções exceto um pouco de instruções (em japonês) sobre as juntas em um papel minúsculo. O método então é tentativa e erro e tentar usar algumas fotos online do boneco pronto como referencia.

Tendo em mente que esse kit custou cerca de1/4 do preço de um gunpla HG é esperado que a qualidade das peças não seja tão boa. Apesar disso, existe uma variedade de plásticos entre peças transparentes, opacas, duras ou macias. Algumas peças são de um plástico bem mole, o que é bom porque como elas são muito pequenas e seria fácil de quebrar. As peças são bem detalhadas mas algumas contém resquícios do processo de injeção de plástico. A pintura deixa muito a desejar apesar de terem usado variedades de vermelho opaco e metálico. Esses são problemas que só dá pra perceber olhando de perto já que o boneco montado só tem cerca de uns 8 centímetros.

Esse modelo veio com 2 pares de mãos e uma arma adicional então é possível fazer várias combinações. Há articulações no pescoço, duas em cada braço e uma em cada perna. É um número enorme de articulações pra um boneco desse tamanho. O plástico das articulações é mais duro que os outros então a articulação não fica molenga. Ele também vem com um suporte pra suspender o robô do chão.

Como eu não fiquei muito contente com a pintura original desse modelo eu provavelmente vou tentar fazer umas modificações nele.

Vilomah

Meus sentimentos meu caro desconhecido. Eu não posso nem imaginar o você está passando.

No curso natural das coisas, o mais comum é que os filhos enterrarem seus pais. Os pais enterrarem os seus filhos é o incomum. Talvez por isso é uma situação que tão profundamente triste. Não só a tristeza da nossa própria finitude mas também o da inversão da ordem daquilo que entendemos como o natural. Tamanha é a estranheza disso que nós não temos uma palavra pra isso.

“Uma esposa que perde um marido é chamada de viúva.
Um marido que perde uma esposa é chamada de viúvo.
Uma criança que perde seus pais é chamada de órfão.
Não existe uma palavra para um pai que perde um filho.
Isto é o quão terrível é essa perda.”
Jay Neugeboren – O Conto de um Órfão, 1976.

É estranho não termos uma palavra pra isso. Existem muitos motivos legítimos pra não associarmos uma palavra a um significado. Talvez esse significado não exista ou não exista nem sequer como uma ideia de uma coisa que não existe. Ou talvez esse significado não seja frequente o suficiente pra justificar uma palavra. Mas essa dor, essa lembrança, esse significado, ele existe. Não só existe como uma possibilidade mas também como uma realidade. E esse significado também não é tão infrequente, é suficiente dizer que ele está aqui e agora.

Talvez a ausência dessa palavra venha do nosso medo desse significado. Tal como a J. K. Rowling falava sobre “aquele que não pode ser nomeado”. Um receio de se conjurar um significado através da escrita ou pronúncia de uma palavra. Daí longe das bocas, dos livros e portanto dos pensamentos, o significado pudesse ser banido desse mundo. Porém, na realidade, como eu já disse, este significado está aqui e agora.

Pensando e procurando sobre isso eu encontrei um ensaio da Karla F. C. Holloway chamado Um Nome para um Pai que Perdeu um Filho. Nele ela propõe que assim como a palavra viúva veio do sânscrito विधवा (vidhávā) seria apropriado tomar uma palavra também do sânscrito pra nomear isso que ficou sem nome. A palavra é vilomah que significa “contra a ordem natural”.

Vilomah é um nome para a dor que nós representamos. Pode soar estranho no início. Mas nós nos acostumamos com a palavra “viúvo”. Não é tão diferente, e compartilha a mesma etimologia.

Então meu caro desconhecido, eu não posso te oferecer nada nesse momento mas eu posso te dar essa palavra, vilomah. Ela parece uma palavra nova mas ela tem milhares de anos. Me parece apropriado pra dimensão que parece ser essa dor. Eu achei muito linda a árvore que você me mostrou. Eu desejo que vocês encontrem paz nas suas vidas.